Impossível deixar passar esta data sem a recordar, comentar, celebrar... E homenagear os artistas que habitam o imaginário de todos os que como eu são "filhos da madrugada", daqueles que, tendo nascido depois da revolução conseguem arrepiar-se com as músicas e os poemas, que compreendem o seu sentido e reconhecem a desilusão de quem sonhou e lutou por valores altruístas e universais que foram ultrapassados por interesses mesquinhos e egoístas.
Obrigada aos poetas, aos músicos, a todos os artistas e a todas as pessoas que tornaram possível uma vida em liberdade, que não sendo plena, é pelo menos mais ampla que antes da Revolução. É uma pena que esta liberdade não inspire maior envolvimento político dos cidadãos que nem sequer usam o seu poder crítico para reflectir e reconhcer que em tantos domínios da vida publica estamos ainda presos a uma ditadura de ideias feitas e de compadrios e apadrinhamentos que conduzem o país a um estado de crise, não só económica (isso é um mal menor), mas moral. O desenvolvimento social, cultural e intelectual não conduz o Homem a uma superioridade ética, pelo contrário, torna-o cada vez mais egoísta e oportunista e incapaz de ver no outro Homem um irmão.
Continuo a acreditar que é possível viver numa sociedade orientada pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade, mas será possível construi-la? Obrigada Zeca por me fazeres acreditar na utopia!
Utopia- Zeca Afonso
Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Nao do lobo mas irmao
Capital da alegria
Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
E teu a ti o deves
lança o teu
desafio
Homem que olhas nos olhos
que nao negas
o sorriso a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio este rumo esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?
sábado, 25 de abril de 2009
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