sábado, 25 de abril de 2009

25 de Abril sempre!

Impossível deixar passar esta data sem a recordar, comentar, celebrar... E homenagear os artistas que habitam o imaginário de todos os que como eu são "filhos da madrugada", daqueles que, tendo nascido depois da revolução conseguem arrepiar-se com as músicas e os poemas, que compreendem o seu sentido e reconhecem a desilusão de quem sonhou e lutou por valores altruístas e universais que foram ultrapassados por interesses mesquinhos e egoístas.

Obrigada aos poetas, aos músicos, a todos os artistas e a todas as pessoas que tornaram possível uma vida em liberdade, que não sendo plena, é pelo menos mais ampla que antes da Revolução. É uma pena que esta liberdade não inspire maior envolvimento político dos cidadãos que nem sequer usam o seu poder crítico para reflectir e reconhcer que em tantos domínios da vida publica estamos ainda presos a uma ditadura de ideias feitas e de compadrios e apadrinhamentos que conduzem o país a um estado de crise, não só económica (isso é um mal menor), mas moral. O desenvolvimento social, cultural e intelectual não conduz o Homem a uma superioridade ética, pelo contrário, torna-o cada vez mais egoísta e oportunista e incapaz de ver no outro Homem um irmão.

Continuo a acreditar que é possível viver numa sociedade orientada pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade, mas será possível construi-la? Obrigada Zeca por me fazeres acreditar na utopia!

Utopia- Zeca Afonso

Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Nao do lobo mas irmao
Capital da alegria
Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
E teu a ti o deves
lança o teu
desafio

Homem que olhas nos olhos
que nao negas
o sorriso a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio este rumo esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?

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