segunda-feira, 13 de abril de 2009

Para acabar de vez com as Bacantes (revisto)

E não digo mais nada sobre as Ménades ou as Bacantes, para não parecer obcecada. Há vozes que se apoderam da mente e conduzem toda a atenção, interesse e interpretação. Por isso, depois disto vou mesmo mudar de tema. É preciso contrariar comportamentos obsessivos.

Encontrei um estudo sobre "AS Bacantes a a Psicanálise". Jane Martins (psic)analisou a figura das Bacantes e identificou o fenómeno dos mistérios dionisíacos com a Histeria: "Na tragédia, Dioniso, vinga a mãe e Penteu é morto pelas mãos da própria mãe. Constrói-se aqui os primórdios de um bom enigma para a neurose histérica..."

A autora justifica o fenómeno com as limitações sociais e pessoais impostas pela cultura clássica, e não só: "A cultura ainda coloca a mulher como limitada e insuficiente, com um ideal frágil e sempre um busca do “faltante” para aliviar-se das angústias".

As Bacantes são as habitantes de Tebas (primeira cidade da Grécia visitada por Diónios e suas seguidoras, as Ménades) que foram condenadas ao delírio e à loucura do culto dionisíaco como castigo pelo seu desrespeito pelo deus e pelo desprezo por sua mãe. Não é este o caso das Ménades que o seguiram voluntariamente, desde a Ásia. Mulheres que perante atribuição de um papel de subalternidade e sub-humanidade, se libertam e recusam a perpétuar a situação.

"(...) abertas ao divino, conscientes da brevidade da existência humana, com pensamentos de mortais, elas não correm atrás do inacessível, mas consagram sua vida à felicidade. Bastante sábias para se afastarem dos seres que se crêem superiores, elas encontram sua felicidade em recolher os bens que o deus coloca a seu alcance"

"O desejo incontestável de uma libertação, de uma evasão para um Além, não se exprime sob a forma de uma esperança de uma outra vida, mais feliz, depois da morte, mas na experiência, no seio da vida, de uma outra dimensão, de uma abertura da condição humana para uma bem-aventurada alteridade"

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