Se tu viesses ver-me...
Florbela Espanca
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Angústia- Florbela Espanca
É preciso esclarecer que a escolha do poema não tem necessariameente a ver com o estado de espírito actual. Mas este é um sentimneto que me é próximo e, de estranha forma, caro. Também sou Florbela (!) sou outra coisas mas também sou ela...
Angústia
Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!
E não se quer pensar!... e o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós...
Querer apagar no céu - ó sonho atroz! -
O brilho duma estrela com o vento!...
E não se apaga, não... nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga...
Vem sempre perguntando: "O que te resta?..."
Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta
Florbela Espanca
Angústia
Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!
E não se quer pensar!... e o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós...
Querer apagar no céu - ó sonho atroz! -
O brilho duma estrela com o vento!...
E não se apaga, não... nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga...
Vem sempre perguntando: "O que te resta?..."
Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta
Florbela Espanca
domingo, 27 de dezembro de 2009
Natal e a Sagrada Família
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Obrigada Amiga!
Amigo
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Mais uma referência trágica.
Recomendo o filme que, vencida pelo sono, não consegui ver de uma assentada mas gostei pela densidade psicológica, existencial, literária e também, infelizmente, patológica. Portanto, tudo o que me cativa, para o bem e para o mal.
sábado, 5 de dezembro de 2009
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Poesia e filosofia; proximidade e distância
«Conhecemos sem dúvida muitas coisas
sobre as relações entre a filosofia e a poesia.
Mas não sabemos nada acerca do diálogo
entre o poeta e o pensador, que
‘embora próximos vivem nos cumes mais separados’»
(Heidegger, 1969)
sobre as relações entre a filosofia e a poesia.
Mas não sabemos nada acerca do diálogo
entre o poeta e o pensador, que
‘embora próximos vivem nos cumes mais separados’»
(Heidegger, 1969)
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