quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Se tu viesses ver-me

Se tu viesses ver-me...
Florbela Espanca

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...


Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...


Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri


E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Angústia- Florbela Espanca

É preciso esclarecer que a escolha do poema não tem necessariameente a ver com o estado de espírito actual. Mas este é um sentimneto que me é próximo e, de estranha forma, caro. Também sou Florbela (!) sou outra coisas mas também sou ela...



Angústia

Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!

E não se quer pensar!... e o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós...
Querer apagar no céu - ó sonho atroz! -
O brilho duma estrela com o vento!...

E não se apaga, não... nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga...
Vem sempre perguntando: "O que te resta?..."

Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta

Florbela Espanca

domingo, 27 de dezembro de 2009

Natal e a Sagrada Família


Agradeço à Sagrada Família, o dom da minha própria família, a quem agradeço a vida e a felicidade.

A todos um Bom Natal!!! Que o Amor de Cristo (ou de qualquer outra fonte) esteja entre nós.


O Amor é o segredo da felicidade.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Para a Susana

Obrigada Amiga!

Amigo

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!

«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Mais uma referência trágica.

Recomendo o filme que, vencida pelo sono, não consegui ver de uma assentada mas gostei pela densidade psicológica, existencial, literária e também, infelizmente, patológica. Portanto, tudo o que me cativa, para o bem e para o mal.

sábado, 5 de dezembro de 2009

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Poesia e filosofia; proximidade e distância

«Conhecemos sem dúvida muitas coisas
sobre as relações entre a filosofia e a poesia.
Mas não sabemos nada acerca do diálogo
entre o poeta e o pensador, que
‘embora próximos vivem nos cumes mais separados’»
(Heidegger, 1969)

sábado, 28 de novembro de 2009

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Fragmentos de um discurso amoroso

A propósito de fragmentos de um discurso amoroso, voltei a ler e compreender de forma radicalmente nova o que diz Roland Barthes:

Angústia: "O sujeito (...) sente-se arrastado pelo medo de um perigo, de um mal, de um abandono, de uma alteração- sentimento que exprime sobre o nome de angústia"


(...)


"É muitas vezes pela linguagem que o outro se altera; diz uma palavra diferente e ouço sussurrar ameaçadoramente todo um outro mundo, que é o mundo do outro"


(...)


Tragédia segundo Schelling: "O essencial da tragédia é ...um conflito real entre a liberdade do indivíduo e a necessidade enquanto objectiva, conflito esse que termina, não pela derrota de um ou do outro, mas porque os dois, simultaneamente vencedores ou vencidos, surgem na indiferença perfeita"

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Dia de S.Simão

"De acordo com vários historiadores (entre outros, o Pe. José Boscolo) (...): o nome de S. Simão figura em décimo primeiro lugar na lista dos Apóstolos. Nasceu em Canaã, na Galileia, em Israel e tinha o denominativo de «Zelotes”. Faleceu martirizado, na Pérsia, em defesa dos fracos e oprimidos e, principalmente daqueles que têm fome e sede de justiça.

O Evangelho segundo S. Lucas (Lc 6:15) refere que este Apóstolo conserva o nome derivado de Simeão e significa o “ Ouvido de Deus”.

Simão terá resolvido seguir Jesus por ver Nele: 1º.) o líder perfeito para os zelotes; 2º.) por ouvir a pregação inflamada e arrebatadora do profeta de Nazaré; 3.º) por entender que o Messias irá libertar Israel de Roma.

Simão e Mateus tinham comportamentos sociais e políticos distintos: Simão, o zelote, queria a queda de Roma; Mateus, o publicano, trabalhava de mãos dadas com o governo romano. Simão detestava o imposto; Mateus recebia-o. Simão era um Judeu patriota; Mateus era tido como o "traidor da pátria”.

Simão e Jesus tinham igualmente pensamentos e actuações diferentes: Simão queria uma luta política; Jesus longe de pensar em golpe militar dizia: "Dai a César o que é de César" (Mt 22:21). Simão queria que o Reino de Israel fosse restaurado imediatamente; Jesus dizia que o processo era demorado, que levaria muito tempo "semelhante ao fermento na farinha até levedar" (Mt 13:33). Simão confiava na espada; Jesus afirmava que "todos que lançarem mão da espada pere-cerão"(Mt26:52).

Simão era zeloso com o que fazia e queria, homem fervoroso, sanguíneo e ardente, tinha um amor intenso pela causa, um homem no encalço de seus objectivos. Jesus chamou-o, porque queria este zelo ardente em seu grupo, e transformá-lo-ia num "revolucionário" espiritual, num discípulo labareda de fogo!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

domingo, 11 de outubro de 2009

Saudosismo

"O termo saudosismo designa três realidades distintas: o sistema filosófico de Teixeira de Pascoaes, o movimento cultural e poético que teve a sua origem e encontrou a sua definição na doutrina do mesmo Pascoaes (...); e a continuidade da palavars e do conceito de saudade, manifestada nos poetas e pensadores que, tanto em em Portugak como na Galiza têm dado expressão poética e dimensão teorética ao sentimento saudoso.

(...)Pascoaes considera o saudosismo como expressão essncial do espírito português, no qual se fundiram aqueles dois caracteres, o paganismo e o Cristiaanismo, de cuja união nasceu o sentimento que define o génio galáico-português, a saudade, desejo da coisa ou criatura amada, tornado dolorido pela ausência. Nascida da união entre o desejo carnal,a riano e pagão, com a dor espiritual, semita e cristã, a saudade é para Pascoaes, a tristeza e a alegria, a luz e a sombra, a vida e a morte e, ampliada ou projectada na natureza, é a própria alma universal. Assim, pelo desejo, a saudade é esperança e pela dor é lembrança.

(...)Pascoaes elevou (a saudade) do domínio meramente pessoal e subjectivo ao mais alto plano cósmico e ontológico, ao pensr que existir é ser lembrado e para ser lembrado é preciso amar. Porque o amor cria a substância em que a nossa imagem se desenha, é ele a matéria prima do Espírito, a união da esperança à lembrança, do espírito divino às formas decaídas e materiais.(...)

TEIXEIRA, Braz- "Saudosismo" in Logos, enciclopédia luso-brasileira de Filosofia

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Cá dentro Inquietação, inquietação...

Olá! Cá estamos nós outra vez



"Já passaram mil anos sobre o nosso encontro..." Não assistia a um concerto de Jorge Palma há 4 anos. "Já houve tempos em que" ia a todos os que podia, vieram outros em que o quotidiano rotineiro acabou com a tradição. E de repente 2 convites, 1 concerto e quase 10 convidados (igualmente brilhantes), ao todo 30 músicos em palco e uma experiência, no mínimo, reveladora. Senti-me de novo, em sintonia com a grande alma do poeta que sente o mundo e a vida de uma forma única e, ao mesmo tempo, universal.

Gostei especialmente da interpretação de Adolfo luxúria Canibal, "suada e sussurrada" com sensual profundidade. Mas foram muitos os que se juntaram Sérgio Godinho, Mariza, J.P. Simões, Fausto, Gaiteiros de Lisboa, etc...

Também tenho sempre 2 almas em guerra e durmo na encruzilhada, sinto-me tantas vezes frágil, dizendo sim à engrenagem, a ver a vida por um canudo... mas enquanto houver estrada para andar, enquanto houver ventos e mar... não vou parar!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

domingo, 14 de junho de 2009

Maçã de Junho=Aida

És a estrela da alvorada
E a madrugada junto ao cais
És tudo o que eu vejo em ti,
És a alegria e muito mais
És a minha maçã de junho
És o teu corpo e o meu
Amo-te mais que à vida,
Que a vida sem ti morreu

És a erva perfumada,
Debruada a girassóis
O trago do café quente
Nas manhãs entre lençois
És a minha maça de junho
E a minha noite de verão
Anda, vem comigo,
Vamos,dá-me a tua mão


És o encontro na estrada,
És a montanha e o pôr do sol
O vinho bebido em festa,
És a papoila e o rouxinol
És a minha maça de junho
E a minha estrela polar
Sem ti eu não tenho norte,
Sem ti eu não sei amar.

Jorge Palma

Parabéns à minha primeira maçã de Junho.



Aida é a minha única irmã, fez ontem 30 anos (menos 4 do que eu) e eu não consigo deixar de sentir que ela é o meu primeiro bebé, a minha primeira filha "faz-de-conta", só que de carne e osso e com uma personalidade forte, única e original.

Confundo muitas vezes o nome dela e o da Bia (minha filha "a sério"), não sei se pelas semelhanças físicas e psicológicas, ou pelas relacionais e afectivas. Seria melhor irmã se não tivesse "contaminado" a relação com o sentimento de maternidade? Também confundo as minhas histórias com as dela, os gostos e os desgostos, os amigos e os inimigos... Também sou a minha "Maninha Manória"!

terça-feira, 19 de maio de 2009

quinta-feira, 14 de maio de 2009

sábado, 9 de maio de 2009

Eu também sou Amália...

senhora do medo

Quem dorme à noite comigo,
É meu segredo.
Mas se insistirem lhes digo:
O medo mora comigo
Mas só o medo...

E cedo, porque me embala,
No vai-e-vem da solidão,
É com o silêncio que fala.
Com voz que move onde estala
E nos perturba a razão

Gritar, quem pode salvar-me?
Do que está dentro de mim?
Gostava até de matar-me
Mas eu sei que ele há de esperar-me
Ao pé da ponte, do fim.

Letra: Reinaldo Faria
Cantado por Amália

Gaivota, fabulosa versão

segunda-feira, 4 de maio de 2009

como eu compreendo a impossibilidade de compreender...

Lonely Carousel- Portishead

It's a look
This game we play
We can't escape
We have to attend
It's life you see

When i have tried to amuse myself
To celebrate the fun fair
The pleasures i seek
Are far too discreet for me

And all the time
The world unwinds
I can't deny the way i feel
The truth is lost beyond this lonely carousel
And all these words
They mean nothing at all
Just a cruel remedy
A strange tragedy
Of what will be

After i tried
To discover the answers to why
To look for a meaning
Inside of this dreaming i had

And words that i've said
Are spinning 'round
Would sing alone inside my head
Nothing will change
It's always the same
Please make it stop

And all the time
The world unwinds
I can't deny the way i feel
The truth is lost beyond this lonely carousel
And all these words
They mean nothing at all
Just a cruel remedy
A strange tragedy
Of what will be

And all the time
The world unwinds
I can't deny the way i feel
The truth is lost beyond this carousel

Incrível, como a tristeza pode ser tão consoladora...

Que saudades dos concertos que alcançam a linguagem do mundo

domingo, 3 de maio de 2009

António Gedeão, o cientista humanista, falou assim do que eu também sinto

Gota de Água

Eu, quando choro,
não choro eu.
Chora aquilo que nos homens
em todo o tempo sofreu.
As lágrimas são as minhas
mas o choro não é meu

sábado, 25 de abril de 2009

A minha banda sonora para o 25 de Abril









25 de Abril sempre!

Impossível deixar passar esta data sem a recordar, comentar, celebrar... E homenagear os artistas que habitam o imaginário de todos os que como eu são "filhos da madrugada", daqueles que, tendo nascido depois da revolução conseguem arrepiar-se com as músicas e os poemas, que compreendem o seu sentido e reconhecem a desilusão de quem sonhou e lutou por valores altruístas e universais que foram ultrapassados por interesses mesquinhos e egoístas.

Obrigada aos poetas, aos músicos, a todos os artistas e a todas as pessoas que tornaram possível uma vida em liberdade, que não sendo plena, é pelo menos mais ampla que antes da Revolução. É uma pena que esta liberdade não inspire maior envolvimento político dos cidadãos que nem sequer usam o seu poder crítico para reflectir e reconhcer que em tantos domínios da vida publica estamos ainda presos a uma ditadura de ideias feitas e de compadrios e apadrinhamentos que conduzem o país a um estado de crise, não só económica (isso é um mal menor), mas moral. O desenvolvimento social, cultural e intelectual não conduz o Homem a uma superioridade ética, pelo contrário, torna-o cada vez mais egoísta e oportunista e incapaz de ver no outro Homem um irmão.

Continuo a acreditar que é possível viver numa sociedade orientada pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade, mas será possível construi-la? Obrigada Zeca por me fazeres acreditar na utopia!

Utopia- Zeca Afonso

Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Nao do lobo mas irmao
Capital da alegria
Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
E teu a ti o deves
lança o teu
desafio

Homem que olhas nos olhos
que nao negas
o sorriso a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio este rumo esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?

terça-feira, 21 de abril de 2009

O Simão já tem a noção da permanência do objecto

Esta é a primeira grande conquista intelectual das crianças. Neste estádio que é só sensação e acção, esta é a noção de que os objectos existem mesmo depois de desaparecerem do seu campo de visão. E como é que sabemos disso? Porque o seu comportamento muda; até aqui sempre um objecto desaparecia, o Simão gritava ou desinteressava-se, agora já vai à procura. Olha para o chão quando deixa cair um brinquedo e levanta a fralda que lhe esconde o ojecto. E ainda não tem nove meses. Estou orgulhosa!

domingo, 19 de abril de 2009

Uma simples canção (queria ter esta voz)

Um sentido (muito simples) da vida



Clã- Dançar Na Corda Bamba
Composição: Carlos Tê

A vida é como uma corda
De tristeza e alegria
Que saltamos a correr
Pé em baixo, pé em cima
Até morrer

Não convém esticá-la
Nem que fique muito solta
Bamba é a conta certa
Como dança de ida e volta
Que mantém a via aberta

Dançar na corda bamba
Não é techno, não é samba
É a dança do ter e não ter
É a dança da Corda Bamba

Salta agora pelo amor
Ele dá o paladar
Mesmo que a tua sorte
Seja a de um perdedor
Nunca deixes de saltar

Se saltares muito alto
Não tenhas medo de cair
De ficar infeliz
Feliz a cem por cento
Só mesmo um pateta feliz

Dançar na Corda Bamba
Não é techno, não é samba
É a dança do ter e não ter
É a dança da Corda Bamba

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Para acabar de vez com as Bacantes (revisto)

E não digo mais nada sobre as Ménades ou as Bacantes, para não parecer obcecada. Há vozes que se apoderam da mente e conduzem toda a atenção, interesse e interpretação. Por isso, depois disto vou mesmo mudar de tema. É preciso contrariar comportamentos obsessivos.

Encontrei um estudo sobre "AS Bacantes a a Psicanálise". Jane Martins (psic)analisou a figura das Bacantes e identificou o fenómeno dos mistérios dionisíacos com a Histeria: "Na tragédia, Dioniso, vinga a mãe e Penteu é morto pelas mãos da própria mãe. Constrói-se aqui os primórdios de um bom enigma para a neurose histérica..."

A autora justifica o fenómeno com as limitações sociais e pessoais impostas pela cultura clássica, e não só: "A cultura ainda coloca a mulher como limitada e insuficiente, com um ideal frágil e sempre um busca do “faltante” para aliviar-se das angústias".

As Bacantes são as habitantes de Tebas (primeira cidade da Grécia visitada por Diónios e suas seguidoras, as Ménades) que foram condenadas ao delírio e à loucura do culto dionisíaco como castigo pelo seu desrespeito pelo deus e pelo desprezo por sua mãe. Não é este o caso das Ménades que o seguiram voluntariamente, desde a Ásia. Mulheres que perante atribuição de um papel de subalternidade e sub-humanidade, se libertam e recusam a perpétuar a situação.

"(...) abertas ao divino, conscientes da brevidade da existência humana, com pensamentos de mortais, elas não correm atrás do inacessível, mas consagram sua vida à felicidade. Bastante sábias para se afastarem dos seres que se crêem superiores, elas encontram sua felicidade em recolher os bens que o deus coloca a seu alcance"

"O desejo incontestável de uma libertação, de uma evasão para um Além, não se exprime sob a forma de uma esperança de uma outra vida, mais feliz, depois da morte, mas na experiência, no seio da vida, de uma outra dimensão, de uma abertura da condição humana para uma bem-aventurada alteridade"

quarta-feira, 8 de abril de 2009

terça-feira, 7 de abril de 2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Homenagem à Claudita

Para a minha amiguinha, que também é assim; divertida, alegre e sensível.

domingo, 5 de abril de 2009

sábado, 4 de abril de 2009

O elogio da embriaguez

Os deuses da mitologia são assim como as conversas, começa-se num tema e rapidamente se vai passando para outros que se ligam com outros, que se ligam com outros...

As divagações começaram com Ariadne, a enganada, não se sabe muito bem por quem, nem porquê. Depois foi o Diónisos porque se apaixonou por Ariadne e, numa das versões, casa-se e tem filhos com ela. A propósito de Diónios, descobri Cibele que o salvou da loucura e com ele instaurou os ritiais dionisíacos. Hoje passei os olhos pelas Bacantes de Eurípides e trago-as comigo.

Afinal, Cibele já tinha um culto antes de conheecer Diónisos, os seus sacerdotes eram os Coribantes que celebravam os seus mistérios, cantando e dançando em agitadas contorsões. Depois de se apaixonar por Diónisos, que também é Baco, deus do vinho e da embriaguez, terá criado a religião dionisíaca, cujas sacerdotisas são as Ménadas, (à letra, as furiosas). As Ménades são originárias da Ásia, onde foi criado o culto que acabou por chegar à Grécia. Muitas vezes este nome é usado como sinónimo de Bacantes, mas as Bacantes eram o grupo de mulheres de Tebas que, possuidas pelo espírito de Diónisos, se entregaram, abandonando a família e os seus deveres, à loucura dos seus rituais orgiásticos. Este foi o castigo do deus despeitado pelos habitantes da cidade de Tebas, que duvidaram da sua divindade.

Tirésias, um velho´sábio, conhecido pelo seu poder adivinhatório, rendeu-se ao poder divino de Diónisos e fez assim o seu elogio do deus da embriaguez: "Ele descobriu uma bebida, o sumo da uva, e introduziu-a no meio dos mortais para libertar os infelizes humanos dos seus padecimentos, embriagando-os com o néctar da videira. O seu presente é o sono, os esquecimentos dos males de cada dia e não há outro remédio para as penas humanas".

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Naked e Radiohead

Estou fascinada com o youtube. conquistou-me pelos reencontros, mas mantem-me fiel pelas descobertas. Descobri este "dueto" (im)previsto. Pelos vistos, não tenho dado atenção suficiente às bandas sonoras.

Este é o filme de uma das minhas vidas.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

terça-feira, 31 de março de 2009

domingo, 29 de março de 2009

Bia a tentar sair do seu egocentrismo intelectual

Bia escreve no seu quadro.
-O que é que estás fazer?
-Estou a fazer testes para os meus alunos.
-Testes?
-Sim, para eles não ficarem tristes.

E como está tudo relacionado...

sábado, 28 de março de 2009

às Bacantes

São tantas espectativas que agora que é chegada a hora,
como expor tantos desejos, sonhos, imagens, delírios...

Deixo então as cores deste sonho inebriante,
cheiros e gostos de uma completa viagem ao meu mundo
que possui dois integrantes além de mim.
E, talvez descobrir em vocês o meu terceiro mundo.

Bacantes... sejam bem vindas!

Bem vindas ao meu mundo que inclui vocês...
fortes e subtis,
extravagantes, sonhadoras, lutadoras,
deusas em suas imagens mais humanas, coloridas!

Diamantes que entenderam que a tristeza e a alegria,
o amor e o ódio, a inteligência , a força, a solidão e
sobretudo a vida tão curta é cheia de cores.
Deméther.

Cibele, a mãe dos deuses

Cibele personifica a potência vegetativa da natureza. É muitas vezes considerada uma encarnação de Reia, mãe de Zeus. Fundou o culto orgiástico e salvou o deus Diónisos da loucura porque se apaixonou por ele. Apesar da fundamental influência que teve na vida de Diónisos, esse episódio é pouco explorado nas suas biografias.
Outra coisa curiosa é ter sido Cibele a fundar os cultos dionisíacos, inspirados nos seus próprios cultos. Qual dos cultos terá salvo Diónisos da loucura? A peculiaridade desta figura está no facto de transcender a, para nós, tradicional oposição mulher-mãe / mulher-amante, respectivamente mulher-anjo / mulher-demónio.

uma voz quente e aconchegante

quinta-feira, 26 de março de 2009

Diónisos, deus do vinho ou da loucura?

Desde o primeiros contactos com a mitologfia grega que senti atração pelo deus Diónisos. Conheci-o através da Origem da tragédia de Nietzsche, apaixonei-me por ser o deus da embriaguez, do delírio que dá origem à criação estética, da arte sem forma, da música... Afinal, ainda é muito mais do que isso, teve uma vida cheia. Para começar nasceu 2 vezes:

Diónisos é filho de uma relação adúltera entre Zeus e Semele. Quando soube, Hera, mulher de Zeus, concebeu um plano de vingança; convenceu Semele a pedir a Zeus uma demonstração do seu poder. Zeus, que tinha prometido cumprir qualquer desejo de Semele antes de conhecer o pedido, não pôde evitar matar a sua amada que não resistiu à manifestação de tamanho poder e ficou reduzida a cinzas. Mas antes que isso acontecesse, Zeus conseguiu salvar Diónisos, ainda no sexto mês da sua gestação. Abriu a coxa de onde veio a nascer de novo, o pequeno deus.

Apesar de tudo, Hera não se sentiu vingada, a simples existência de Diónisos lembrava-a a traição e continuou a persegui-lo durante toda a vida... Zeus levou Diónisos para Africa para ser criado pelas ninfas, mas desta vez, para evitar que Hera o reconhecesse, transformou-no num cabrito. Foi confiado a Inis, tornou-se adulto, descobriu o vinho e Hera enlouqueceu-o.

A sua loucura levou-o a vaguear pela Ásia e África até que chegou à Frígia onde conheceu Cibele que se apaixonou por ele. Purificou-o e iniciou-o nos ritos do seu culto, e assim, conseguiu libertá-lo da loucura.

Depois deste encontro Diónisos voltou a viajar e acabou por ir à Índia onde iniciou o culto dionisíaco. Passou a representar também do excesso orgiástico. Era servido por mulheres, as ménades, de quem se dizia serem capazes de despedaçar um animal apenas com a força dos seus braços, quando sob a influência do deus.

terça-feira, 17 de março de 2009

segunda-feira, 16 de março de 2009

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ariadne abandonada

Ariadne: Filha do rei Minos e de Pasifae apaixonou-se por Teseu quando este chegou a Creta condenado a entrar no Labirínto para lutar com o Minotauro. Para salvar Teseu, deu-lhe um fio que ele desenrolou enquanto percorreu o labirínto e que lhe permitiu encontrar o caminho de regresso. Depois, fugiu com Teseu para escapar à cólera de Minos. Mas não chegou ao destino, pois ao fazer escala na ilha de Naxos, Teseu abandonou-a, adormecida, junto ao mar. Qual a explicação para este inexplicável abandono?

Diferentes autores têm teorias diferentes: para uns Teseu amava outra mulher, para outros Teseu abandonou-a a pedido do deus Diónisos que foi depois ao seu encontro e a levou a viver para o Olimpo onde casaram e tiveram 3 filhos. Há ainda uma terceira versão, mais trágica e infeliz, diz que Ariadne foi morta pela deusa Artemis por ordem de Diónisos.

quinta-feira, 12 de março de 2009

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Afinal ainda há poesia

Há palavras que nos beijam- Alexandre O'neill

Há palvras que nos beijam
como se tivessem boca
Palavras de amor, de esperança
de imenso amor, de espernça louca

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto

De repente coloridas
Entre palavras sem cor
Esperadas inesperadas
como a poesia ou o amor

(o nome de quem se ama,
letra a letra revelado,
no mármore distraído,
no papel abandonado

Palavras que nos transportam
aonde a noite é mais forte
ao silêncio dos amantes
abraçados contra a morte

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Astenia Primaveril ou Crise Existencial?

No início de cada Primavera, que desejo ardentemente durante o longo e doloroso Inverno, tem início a minha confusão existencial. Depois de vencer a irresistível vontade de hibernar, em vez de me sentir leve e feliz, entro em estado de angustia e ansiedade. As dúvidas aparecem por todo o lado, a todas as horas e relacionam-se com todas as dimensões da vida. Tudo parece demasiado cansativo e pesado, mesmo para a formiguinha, dita, indolente.

Felizmente, há uns tempos li sobre a astenia primaveril: "Diante da astenia primaveril, a recomendação é desdramatizar e ter paciência. Sonolência, irritabilidade e cansaço, e a apatia, são sintomas associados à astenia primaveril que apesar de que pode passar em menos de duas semanas, só há alivio seguindo-se una série de hábitos saudáveis. Apesar desses sintomas, a astenia primaveril não pode ser considerada uma doença nem uma síndrome. Os seus efeitos costumam ser leves e desaparecem quando o organismo se ajusta às mudanças da estação."

Hábitos saudáveis escolhidos: jogging, musica, cinema, livros e conversas motivantes .