quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Angústia- Florbela Espanca

É preciso esclarecer que a escolha do poema não tem necessariameente a ver com o estado de espírito actual. Mas este é um sentimneto que me é próximo e, de estranha forma, caro. Também sou Florbela (!) sou outra coisas mas também sou ela...



Angústia

Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!

E não se quer pensar!... e o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós...
Querer apagar no céu - ó sonho atroz! -
O brilho duma estrela com o vento!...

E não se apaga, não... nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga...
Vem sempre perguntando: "O que te resta?..."

Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta

Florbela Espanca

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